Postado em: 16 novembro, 2022

Consciência Negra: Seta apoia evento gratuito no Quilombo Sacopã

No dia 20 de novembro (domingo), o Quilombo Sacopã, localizado na Lagoa Rodrigo de Freitas, Zona Sul do Rio, recebe, a partir das 10h, uma programação especial para celebrar o Dia da Consciência Negra. O evento, promovido pelo Projeto SETA – Sistema de Educação por uma Transformação Antirracista, é gratuito, aberto ao público e tem como objetivo ratificar a importância do enfrentamento ao racismo.

Durante a programação serão promovidas palestras com profissionais da educação engajados na temática, haverá exposição de livros e, também, a exibição do Documentário “Mimbó – Filhos da Liberdade”. De acordo com Dandara Oliveira, especialista de juventudes e projetos do SETA, a atividade surgiu de uma demanda do próprio quilombo de trabalhar a data e o tema de forma lúdica, com abordagem cultural e interseccional. “A partir desse interesse montamos uma programação que levasse em consideração a missão do projeto e nossos resultados articulados com a necessidade do território”, comenta a profissional.

Para Dandara, promover um evento sobre o 20 de novembro em um quilombo é muito simbólico e importante. “A população quilombola e, principalmente, as juventudes quilombolas, são prioritários para do SETA. Por isso, essa articulação está completamente conectada com o projeto. Além disso, estar nessa data, em um espaço que simboliza resistência, cultura negra, história, afeto e ancestralidade é muito especial”, detalha a representante do SETA.

A especialista em educação e raça do Projeto SETA, Luciana Ribeiro, reforça a importância da realização do evento em celebração ao Dia da Consciência Negra acontecer em um Quilombo. Para ela, é significativo no sentido de colocar em evidência a importância de valorização da história de resistência e protagonismo do povo negro na construção do país.
“Quando ocultamos ou invisibilizamos o significado histórico e intelectual dos negros, indígenas e quilombolas na construção civilizatória deste país, não estamos falando de Brasil. Partir dessa data para reconhecer e não mais negar a existência do racismo estrutural, enfrentando com honestidade e lucidez que este mecanismo mantém e reproduz as desigualdades sociais da população negra, em todas as esferas que organizam a sociedade, é compreender que a representação de Zumbi de Palmares não é somente uma data comemorativa, mas, sim, uma data que denuncia toda a luta contra a opressão racial e demarca o protagonismo do movimento negro por uma sociedade antirracista”, analisa a especialista.
O Seta é um projeto da ActionAid, Ação Educativa, Campanha Nacional pelo Direito à Educação, CONAQ – Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas, Geledés – Instituto da Mulher Negra, Makira E’ta – Rede de Mulheres Indígenas do Estado do Amazonas e UNEafro Brasil

Programação:
11h – Abertura e boas-vindas
11h30 – Início das Palestras
11h30 – Pâmela Carvalho (Redes da Maré, educadora social e pesquisadora). A importância do 20 de novembro para o enfrentamento ao racismo
12h30 – Gaby Makena (expositora de livros) – A importância de uma educação afrocentrada (alfabetização) e suas experiências com crianças.
Exposição de livros durante o evento
Das 13h às 15h – Atividade cultural
Exibição do Documentário “Mimbó – Filhos da Liberdade”
Sinopse: O filme conta a história de uma comunidade quilombola que existe há 200 anos, quando quatro irmãos escravizados, fugidos de fazendas de Pernambuco, percorreram pelo mato cerca de 680 quilômetros até a Vila de Amarante, no Piauí.
Conversa com o diretor do filme e Clementino Júnior (cineasta e idealizador do Atlântico Negro).

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O racismo estrutural no Brasil tem dificultado, de forma sistêmica, o acesso ao direito a uma educação pública igualitária e de qualidade pelos estudantes negros, quilombolas e indígenas. A qualidade da educação que as crianças recebem no Brasil é profundamente segmentada por status racial e socioeconômico. E, hoje, identifica-se que as lacunas entre crianças brancas e crianças negras, quilombolas e indígenas, em todos os indicadores da educação básica, são persistentes e mais graves para jovens de 11 a 17 anos. Crianças e jovens negros, quilombolas e indígenas são os mais propensos a abandonar a escola, têm maiores taxas de exclusão e menor nível educacional. Portanto, a eles são destinados os empregos de menor prestígio e salários mais baixos quando adultos. Enquanto isso, os alunos brancos internalizam as desigualdades raciais a que são expostos nas escolas e as replicam quando adultos. Quando se observa os indicadores de aprendizagem, conclui-se também que não há apenas mais barreiras de acesso à escola para crianças negras, quilombolas e indígenas, mas, que uma vez na escola, essas crianças são menos propensas a acessar à educação de qualidade.

O Projeto SETA busca realizar ações transformadoras com base em evidências resultantes de estudos que ajudam a compreender a complexidade das relações raciais no país e as problemáticas delas decorrentes que precisam ser enfrentadas. Neste sentido, prevê uma série de estudos com recortes nacional e regionais em seus territórios de intervenção, especialmente no Amazonas, Maranhão, Rio de Janeiro e São Paulo. O objetivo é mapear a percepção da sociedade em geral, de profissionais da educação e estudantes sobre o racismo, as desigualdades raciais em geral e na educação, a efetividade das políticas de combate ao racismo, as lacunas de ferramentas e metodologias para fomento à equidade racial e as estratégicas bem-sucedidas e boas práticas nacionais e internacionais que podem inspirar ações de valorização da diversidade e das diferenças e de mitigação das desigualdades, especialmente na área de educação.

1) Pesquisa bianual de mapeamento de público sobre percepções do racismo pela sociedade brasileira.
2) Grupos focais bianuais sobre percepções do racismo pelas comunidades escolares.
3) Monitoramento e avaliação dos indicadores educacionais com análise dos indicadores da educação com foco em raça, gênero e território.
4) Estudos liderados pelas organizações que compõem o Projeto SETA sobre “educação escolar indígena”, “educação escolar quilombola”, “trajetória educacional de meninas negras”, “juventude negra, educação e violência”, “impacto da reforma do ensino médio no aprofundamento das desigualdades educacionais” e “construção participativa de indicadores e diagnóstico sobre qualidade na educação e relações raciais”.
Todas essas produções são/serão disponibilizadas publicamente para auxiliar a sociedade na construção de narrativas qualificadas, com base no retrato da realidade, em defesa da equidade racial na educação, além de orientar ações do projeto.

O PROJETO SETA – SISTEMA DE EDUCAÇÃO PARA UMA TRANSFORMAÇÃO ANTIRRACISTA É UM PROJETO APOIADO PELA FUNDAÇÃO W. K. KELLOGG, DESDE 2021, QUE REÚNE ORGANIZAÇÕES NACIONAIS E INTERNACIONAIS EM ATUAÇÃO CONJUNTA POR UMA EDUCAÇÃO PÚBLICA ANTIRRACISTA E DE QUALIDADE.