Postado em: 11 outubro, 2022

Projeto brasileiro é escolhido pela Fundação Kellogg para receber 10 milhões de dólares que serão investidos em educação pública antirracista

Nesta terça-feira (11/10), a Fundação W. K. Kellogg anunciou o Projeto SETA – Sistema de Educação por uma Transformação Antirracista, como um dos cinco premiados do Desafio de Equidade Racial. A iniciativa, única brasileira e latino-americana entre os cinco, será implementada graças ao valor ganho, que totaliza 10 milhões de dólares. A premiação global está concedendo, ao todo, 80 milhões de dólares aos cinco premiados para construir e viabilizar ideias de enfrentamento às desigualdades raciais em todo o planeta.

O Projeto SETA foi elaborado por um grupo de trabalho formado pela ActionAid e outras seis organizações de sociedade civil: Ação Educativa, Campanha Nacional pelo Direito à Educação, CONAQ – Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas , Geledés – Instituto da Mulher Negra, Makira E’ta – Rede de Mulheres Indígenas do Estado do Amazonas e UNEafro Brasil. O subsídio será fundamental para viabilizar mudanças transformadoras e de longo prazo nos sistemas e instituições que ainda vivem sob desigualdades raciais no Brasil. Fortalecer juventude, educação e movimentos negros é a chave para que seja desencadeado um processo de transformação no Brasil.

“A educação é um vetor de transformação e de mobilidade social. Os dados sobre desempenho escolar da população negra, indígena e quilombola evidenciam que o estado brasileiro não oferece uma educação de qualidade para essa população. É preciso criar um ecossistema educacional que entenda e pressione o poder público sobre a importância e urgência no investimento na equidade racial na educação. Por isso estão previstas ações com diferentes grupos sociais, articulação e mobilização de camadas da sociedade, parcerias com universidades, institutos, fundações e fundos que trabalham com a educação”, aponta Ana Paula Brandão, diretora de Políticas e Programas da ActionAid no Brasil e uma das gestoras do Projeto Seta.

O Desafio de Equidade Racial 2030, lançado em 2020, foi criado com o intuito de viabilizar e escalonar ideias de transformação dos sistemas e instituições que ainda sustentam as desigualdades raciais. O objetivo é desencadear soluções que possam melhorar a vida de crianças, de famílias e de comunidades em todo o planeta.

O anúncio do Desafio de Equidade Racial ocorreu em 2020, 90 anos após a fundação da Fundação W. K. Kellogg. Foram recebidas pelo Desafio da Equidade Racial 2030 1.453 inscrições de 72 países. Em setembro de 2021, a Fundação Kellogg anunciou os 10 projetos finalistas, sendo o Projeto Seta um destes. Todas as iniciativas passaram por um processo com várias etapas de revisão, diálogo e diligências, que envolveram especialistas multidisciplinares de todo o mundo.

“Educação é uma ferramenta poderosa. Como nosso fundador Will Keith Kellogg disse, ‘a melhor oportunidade de transformação de uma geração para outra é a educação’”, diz Carla Thompson Payton, vice-presidente de estratégia programática na Fundação W.K. Kellogg. “A ActionAid e demais organizações do Seta estão utilizando a educação como ponto de partida para conscientizar as pessoas e eliminar o racismo estrutural no Brasil. Estamos orgulhosos de sermos parceiros pelos próximos oito anos”.

O Desafio de Equidade Racial 2030 foi administrado em parceria com a Lever for Change, uma organização sem fins lucrativos filiada à Fundação John D. e Catherine T. MacArthur, que conecta doadores com soluções ousadas aos maiores problemas do mundo – como questões de desigualdade racial, desigualdade de gênero, falta de acesso a oportunidades econômicas e mudanças climáticas. Mais informações sobre o Desafio de Equidade Racial 2030, os premiados e os finalistas podem ser encontrados no site.

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ActionAid

A ActionAid é uma organização internacional de combate à pobreza presente em 45 países. Foi fundada na Inglaterra em 1972 e se tornou uma Federação Global com sede em Johannesburgo, África do Sul, em 2003. No Brasil, atua desde 1999, já tendo beneficiado aproximadamente 300 mil pessoas por meio de projetos de educação, agroecologia, geração de renda para mulheres, inclusão e cidadania.

Fundação W. K. Kellogg

A Fundação W. K. Kellogg (WKKF), criada em 1930 como uma fundação independente e privada pelo inovador dos cereais matutinos e empresário Will Keith Kellogg, está entre as maiores fundações filantrópicas dos Estados Unidos. Guiados pela crença de que todas as crianças devem ter oportunidades iguais para prosperar, A WKKF trabalha com as comunidades para criar condições para que crianças vulneráveis ​​possam alcançar seus plenos potenciais na escola, no trabalho e na vida.

A Fundação Kellogg está sediada em Battle Creek, Michigan, e funciona nos Estados Unidos e internacionalmente, assim como em tribos soberanas. Atenção especial é dada a locais onde há altas concentrações de pobreza e onde as crianças enfrentam barreiras significativas ao sucesso. A WKKF atua, prioritariamente, em Michigan, Mississippi, Novo México e Nova Orleans; e internacionalmente, no México e no Haiti. Para saber mais sobre a WKKF, visite www.wkkf.org ou siga a WKKF no Twitter em @wk_kellogg_fdn.

Lever for Change

Lever for Change conecta doadores com soluções ousadas aos maiores problemas do mundo, incluindo questões como desigualdade racial, desigualdade de gênero, falta de acesso a oportunidades econômicas e mudanças climáticas. Usando um modelo inclusivo e equitativo e um processo de due diligence, a Lever for Change cria desafios personalizados e outras oportunidades de financiamento personalizadas. As equipes mais bem classificadas e os finalistas do desafio tornam-se membros da Bold Solutions Network—uma rede global em crescimento que ajuda a garantir financiamento adicional, ampliar impacto dos membros e acelerar a mudança social.

Fundada em 2019 como uma afiliada sem fins lucrativos da John D. e Catherine T. MacArthur Foundation, a Lever for Change movimentou mais de US$ 1 bilhão em doações até o momento e forneceu apoio a mais de 145 organizações. Para saber mais, acesse www.leverforchange.org.

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Central de Ajuda

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O racismo estrutural no Brasil tem dificultado, de forma sistêmica, o acesso ao direito a uma educação pública igualitária e de qualidade pelos estudantes negros, quilombolas e indígenas. A qualidade da educação que as crianças recebem no Brasil é profundamente segmentada por status racial e socioeconômico. E, hoje, identifica-se que as lacunas entre crianças brancas e crianças negras, quilombolas e indígenas, em todos os indicadores da educação básica, são persistentes e mais graves para jovens de 11 a 17 anos. Crianças e jovens negros, quilombolas e indígenas são os mais propensos a abandonar a escola, têm maiores taxas de exclusão e menor nível educacional. Portanto, a eles são destinados os empregos de menor prestígio e salários mais baixos quando adultos. Enquanto isso, os alunos brancos internalizam as desigualdades raciais a que são expostos nas escolas e as replicam quando adultos. Quando se observa os indicadores de aprendizagem, conclui-se também que não há apenas mais barreiras de acesso à escola para crianças negras, quilombolas e indígenas, mas, que uma vez na escola, essas crianças são menos propensas a acessar à educação de qualidade.

O Projeto SETA busca realizar ações transformadoras com base em evidências resultantes de estudos que ajudam a compreender a complexidade das relações raciais no país e as problemáticas delas decorrentes que precisam ser enfrentadas. Neste sentido, prevê uma série de estudos com recortes nacional e regionais em seus territórios de intervenção, especialmente no Amazonas, Maranhão, Rio de Janeiro e São Paulo. O objetivo é mapear a percepção da sociedade em geral, de profissionais da educação e estudantes sobre o racismo, as desigualdades raciais em geral e na educação, a efetividade das políticas de combate ao racismo, as lacunas de ferramentas e metodologias para fomento à equidade racial e as estratégicas bem-sucedidas e boas práticas nacionais e internacionais que podem inspirar ações de valorização da diversidade e das diferenças e de mitigação das desigualdades, especialmente na área de educação.

1) Pesquisa bianual de mapeamento de público sobre percepções do racismo pela sociedade brasileira.
2) Grupos focais bianuais sobre percepções do racismo pelas comunidades escolares.
3) Monitoramento e avaliação dos indicadores educacionais com análise dos indicadores da educação com foco em raça, gênero e território.
4) Estudos liderados pelas organizações que compõem o Projeto SETA sobre “educação escolar indígena”, “educação escolar quilombola”, “trajetória educacional de meninas negras”, “juventude negra, educação e violência”, “impacto da reforma do ensino médio no aprofundamento das desigualdades educacionais” e “construção participativa de indicadores e diagnóstico sobre qualidade na educação e relações raciais”.
Todas essas produções são/serão disponibilizadas publicamente para auxiliar a sociedade na construção de narrativas qualificadas, com base no retrato da realidade, em defesa da equidade racial na educação, além de orientar ações do projeto.

O PROJETO SETA – SISTEMA DE EDUCAÇÃO PARA UMA TRANSFORMAÇÃO ANTIRRACISTA É UM PROJETO APOIADO PELA FUNDAÇÃO W. K. KELLOGG, DESDE 2021, QUE REÚNE ORGANIZAÇÕES NACIONAIS E INTERNACIONAIS EM ATUAÇÃO CONJUNTA POR UMA EDUCAÇÃO PÚBLICA ANTIRRACISTA E DE QUALIDADE.