Postado em: 16 setembro, 2024

Projeto SETA faz balanço sobre avanços e desafios da educação antirracista no Festival LED

Festival é realizado pela Globo e Fundação Roberto Marinho

O Projeto SETA participou do Festival LED – Luz na Educação, promovido pela Globo e Fundação Roberto Marinho, em parceria com a plataforma Educação 360 – Conferência Internacional de Educação, da Editora Globo. O encontro ocorreu no Museu do Amanhã, localizado na Zona Portuária do Rio, e reuniu diversos especialistas em educação. 

A mesa “Educação antirracista: balanço dos avanços e desafios da educação indígena e quilombola” foi composta por Ana Paula Brandão, gestora do Projeto SETA e diretora programática da ActionAid, Alva Rosa, indígena do povo Tukano, doutora em educação pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e membro da Makira E’ta, organização que integra a aliança do SETA, e Fernanda Rodrigues, licenciada em pedagogia e mestre em educação pela Universidade Federal do Maranhã (UFMA).

Para Alva Rosa, da Makira E’ta, o Festival ter promovido uma mesa para dialogar sobre a educação antirracista foi uma iniciativa importante, pois, de acordo com a profissional, em um país onde a maior parte da população é racista, se faz necessário chamar atenção da sociedade, dos representantes, das instituições e dos meios de comunicação para questões relacionadas ao racismo, ao preconceito e a violência que assola os povos indígenas desde o início da colonização.   

De acordo com Fernanda Rodrigues, licenciada em pedagogia e mestre em educação, o Festival dá visibilidade para questões importantes do âmbito educacional. “De um lado, colabora na divulgação das experiências, contribuindo para que outros educadores as conheçam e possam tê-las como referência para suas práticas também. De outro, projeta o debate sobre os desafios e potencialidades que estão postos para a escola e para os sistemas educacionais, alcançando pessoas e instituições, envolvendo-as no diálogo e na construção de uma educação diferenciada”, comenta a educadora.  

Conceito e prática da educação antirracista

Durante o encontro, as profissionais dialogaram sobre o conceito e a prática de uma educação antirracista, levando em consideração os marcos legais e o histórico da educação indígena e quilombola. Falaram, também, sobre o entendimento coletivo dos seus principais avanços e desafios atualmente, passando pelo processo de luta, construção da legislação  e a prática. 

“As Diretrizes curriculares indígenas e quilombolas devem ser implementadas e os profissionais de educação estão buscando informações e formações. O SETA está debruçado sobre esse tema e vai oferecer cada vez mais soluções para as secretarias de educação”, comentou Ana Paula Brandão, do Projeto SETA. De acordo com a gestora da iniciativa, o tema precisa ser amplamente discutido, portanto precisa ocupar espaços como o Festival LED. 

O sucesso da mesa “Educação antirracista: balanço dos avanços e desafios da educação indígena e quilombola” foi tão grande que a composição foi repetida para que outras pessoas tivessem a oportunidade de acompanhar o diálogo.

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Central de Ajuda

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O racismo estrutural no Brasil tem dificultado, de forma sistêmica, o acesso ao direito a uma educação pública igualitária e de qualidade pelos estudantes negros, quilombolas e indígenas. A qualidade da educação que as crianças recebem no Brasil é profundamente segmentada por status racial e socioeconômico. E, hoje, identifica-se que as lacunas entre crianças brancas e crianças negras, quilombolas e indígenas, em todos os indicadores da educação básica, são persistentes e mais graves para jovens de 11 a 17 anos. Crianças e jovens negros, quilombolas e indígenas são os mais propensos a abandonar a escola, têm maiores taxas de exclusão e menor nível educacional. Portanto, a eles são destinados os empregos de menor prestígio e salários mais baixos quando adultos. Enquanto isso, os alunos brancos internalizam as desigualdades raciais a que são expostos nas escolas e as replicam quando adultos. Quando se observa os indicadores de aprendizagem, conclui-se também que não há apenas mais barreiras de acesso à escola para crianças negras, quilombolas e indígenas, mas, que uma vez na escola, essas crianças são menos propensas a acessar à educação de qualidade.

O Projeto SETA busca realizar ações transformadoras com base em evidências resultantes de estudos que ajudam a compreender a complexidade das relações raciais no país e as problemáticas delas decorrentes que precisam ser enfrentadas. Neste sentido, prevê uma série de estudos com recortes nacional e regionais em seus territórios de intervenção, especialmente no Amazonas, Maranhão, Rio de Janeiro e São Paulo. O objetivo é mapear a percepção da sociedade em geral, de profissionais da educação e estudantes sobre o racismo, as desigualdades raciais em geral e na educação, a efetividade das políticas de combate ao racismo, as lacunas de ferramentas e metodologias para fomento à equidade racial e as estratégicas bem-sucedidas e boas práticas nacionais e internacionais que podem inspirar ações de valorização da diversidade e das diferenças e de mitigação das desigualdades, especialmente na área de educação.

1) Pesquisa bianual de mapeamento de público sobre percepções do racismo pela sociedade brasileira.
2) Grupos focais bianuais sobre percepções do racismo pelas comunidades escolares.
3) Monitoramento e avaliação dos indicadores educacionais com análise dos indicadores da educação com foco em raça, gênero e território.
4) Estudos liderados pelas organizações que compõem o Projeto SETA sobre “educação escolar indígena”, “educação escolar quilombola”, “trajetória educacional de meninas negras”, “juventude negra, educação e violência”, “impacto da reforma do ensino médio no aprofundamento das desigualdades educacionais” e “construção participativa de indicadores e diagnóstico sobre qualidade na educação e relações raciais”.
Todas essas produções são/serão disponibilizadas publicamente para auxiliar a sociedade na construção de narrativas qualificadas, com base no retrato da realidade, em defesa da equidade racial na educação, além de orientar ações do projeto.

O PROJETO SETA – SISTEMA DE EDUCAÇÃO PARA UMA TRANSFORMAÇÃO ANTIRRACISTA É UM PROJETO APOIADO PELA FUNDAÇÃO W. K. KELLOGG, DESDE 2021, QUE REÚNE ORGANIZAÇÕES NACIONAIS E INTERNACIONAIS EM ATUAÇÃO CONJUNTA POR UMA EDUCAÇÃO PÚBLICA ANTIRRACISTA E DE QUALIDADE.