Postado em: 16 julho, 2024
Projeto SETA promove encontro com organizações e traça estratégias para os próximos anos
O balanço do primeiro ano do Projeto SETA e as estratégias para os próximos passos de atuação foram o tema do “Encontro anual do SETA – Paraty 2024”, promovido pela iniciativa e realizado entre os dias 18 e 20 de março, em Paraty, município localizado no litoral sul do Rio de Janeiro. Durante três dias, representantes da ActionAid, Ação Educativa, Campanha Nacional pelo Direito à Educação, CONAQ, Geledés, Makira-E’ta e UNEafro Brasil, organizações que compõem a aliança, se reuniram a fim de compartilhar ações já desenvolvidas e os próximos passos para realização das atividades.
A programação contemplou a apresentação e ideias das instituições e, também, dinâmicas para fortalecer a conexão entre as instituições. De acordo com Ana Paula Brandão, gestora do Projeto SETA e diretora programática na ActionAid, a agenda foi fundamental. “É a oportunidade de estarmos juntos e pensarmos coletivamente, e no mesmo nível, sobre as ações que estamos nos comprometendo a desenvolver. Esse encontro fortalece muito a aliança, o autoconhecimento e a consciência sobre as outras ações que são feitas pelos parceiros”, comentou a gestora.
Diversidade, significado e atuação de movimentos sociais
A escolha pela cidade de Paraty, que tem uma população de 49 mil habitantes, carregou um significado. Durante uma de suas falas, Ana Paula Brandão salientou sobre a diversidade do território e o fato do município concentrar boa parte dos problemas encontrados no país. “É um território que o SETA tem se aproximado, conversado com a Secretaria de Educação e dialogado com comunidades quilombolas. Também vamos iniciar o contato com as comunidades indígenas dessa região, pois são pessoas que tentam, de alguma forma, trabalhar e conseguir contribuir para os movimentos sociais dessa região”.
Para a gestora do SETA, a escolha não foi somente pela relevância cultural da cidade, mas, sim, por ser um território de violência física e simbólica, e que dá a real dimensão do caminho longo que tem para trabalhar uma educação antirracista.
Poesia, dinâmica, resultado e metas marcam primeiro dia de atividades
A abertura do encontro contou com a presença da escritora e poetisa Luciene Nascimento, autora do livro “Tudo nela é de se amar: a pele que habito e outros poemas sobre a jornada da mulher negra”. Depois, foi realizada uma dinâmica entre representantes das entidades, em que foram formadas duplas e cada uma das pessoas fazia um resumo sobre a sua história e qual foi seu primeiro contato com a educação antirracista.
Dando início às atividades da agenda do Encontro, a equipe de articulação do SETA, representada por Dandara Oliveira, especialista em Juventude e Raça da ActionAid e em Articulação e Advocay do Projeto SETA, e Claudia Cruz, especialistas em articulação da iniciativa, fizeram a apresentação da definição, dos recortes prioritários, das políticas públicas, dos resultados esperados, da estratégia e do impacto, das atribuições definidas no plano de resultados da aliança. Durante o período da manhã, foi realizado, ainda, o mapeamento de stakeholders, com o objetivo de apresentar e entender as principais pessoas, atores e atrizes com as quais o projeto deve estabelecer diálogo para alcançar os resultados esperados. Neste momento, os representantes das organizações puderam tirar dúvidas com a articulação, com o intuito de melhorar o desenvolvimento de suas ações.
A segunda parte do dia foi dedicada ao mapeamento das organizações que compõem o SETA. As instituições realizaram uma dinâmica, em que foram divididas em sete grupos. A tarefa consistiu em cada membro listar atividades, que eram divididas em três níveis: 1: iniciativas individuais; 2: iniciativas com duas ou mais organizações e 3: iniciativas coletivas do grupo.
Organizações compartilham detalhamento de atividades
O segundo dia de encontro, na manhã de terça-feira, 19/03, iniciou com uma atividade de detalhamento das iniciativas do SETA, onde cada uma das instituições participantes mostrou três importantes áreas de atuação: público prioritário, territórios articulados e atores e atrizes mobilizados para as respectivas demandas. Durante a dinâmica, foram elencados elementos como mapeamento das produções acadêmicas indígenas, atividade piloto para relações étnico-raciais, seminário sobre educação e terra, formação de jovens lideranças e elaboração de glossário antirracista. Após a apresentação, membros das outras organizações puderam tirar dúvidas, fazer contribuições e sugerir parcerias.
“A metodologia utilizada nessa dinâmica foi muito forte, porque nos traz a vivência do que é movimento. Nunca pensamos neste conceito como algo só e fechado, onde cada um pensa no seu. Com isso, há um sentido de compartilhamento muito grande. Há uma forma de saber, entender e conhecer, para que não tenha distância, pois somos parceiros. Se nós somos um grupo só, é importante nos conhecermos e nos fortalecermos”, comentou Herbert Alencar, coordenador de comunicação da Makira-Êta.
Para o comunicador, reforçar a parceria com organizações como CONAQ e Ação Educativa é um ponto fundamental que o Encontro proporcionou, pois as iniciativas são referência para a Makira-Êta, que existe há apenas quatro anos.
Potencialização das áreas de articulação, comunicação e educação
A segunda parte do dia foi dedicada a outra dinâmica, em que as organizações, divididas em três grupos que contemplaram articulação, educação e comunicação, compartilharam suas atividades e, a partir disso, puderam contribuir umas com as outras. Além disso, a metodologia teve o objetivo de propor parcerias que potencializam as iniciativas mapeadas no primeiro bloco. “Essa troca de experiências e ideias é fundamental para potencializar as ações das organizações e promover um diálogo colaborativo, que possa impulsionar as estratégias em conjunto. Essa abordagem colaborativa e integrada, certamente, traz benefícios significativos para todas as partes envolvidas”, comentou Beatriz, da Pacto Consultoria, responsável por mediar as atividades do Encontro.
O segundo dia foi finalizado com um exercício em que os participantes puderam compartilhar os pontos positivos, negativos e sugestões para os dias seguintes. Foram sugeridas experiências como: a possibilidade de construir ações articuladas e conhecer os outros projetos que formam a aliança, além de ideias como planejar o terceiro ano do projeto e entendimento sobre o quadro de ações construídas para a estratégia.
Aliança, monitoramento, avaliação e resultados
O último dia contou com uma prática, nesse momento os participantes tiveram que desenhar um elemento que representasse a aliança do SETA, indicando como gostariam que o símbolo fosse. Cada pessoa fez um desenho, que foi exposto no painel disponível no espaço. Após essa etapa, o dia foi dedicado à discussão dos territórios, desenvolvimento de pesquisa e formação de professores.
Em seguida, Jaqueline Santos, Gestora e Consultora de Monitoramento e Avaliação, e Marcelo Perilo, consultor do SETA, fizeram apresentação de Monitoramento e Avaliação. Durante a exposição, a dupla fez explicações sobre os relatórios que as organizações parceiras precisam elaborar e, ainda, tiraram dúvidas sobre o desenvolvimento de pontos específicos de monitoramento. Confira quais Indicadores foram relacionados:
- Aspectos gerais da atuação Institucional no SETA;
- Atividades realizadas;
- Atividades canceladas;
- Atividades planejadas ainda não realizadas;
- Relatório de Comunicação.
Diagnósticos e possibilidades de mudança
A segunda parte do último dia foi dividida em dois momentos. O primeiro deles foi destinado à apresentação da análise “Territórios SETA – Diagnóstico e possibilidades de Mudança”, realizada com base nos dados do Censo Escolar de 2023. O segundo ficou reservado para os resultados de comunicação conquistados pelo projeto durante seu primeiro ano de atuação.
A Usina da Comunicação, agência responsável pela assessoria de imprensa e gestão de redes sociais do Projeto, foi representada pela jornalista Raíza Barros. Durante sua fala, Raíza mencionou o trabalho realizado pela agência e as conquistas, junto ao projeto SETA, durante o período citado. Com relação às inserções na imprensa, foram conquistas mais de 600 durante os meses de março e outubro de 2023. A pauta em destaque durante o período foi sobre a pesquisa “Percepções do Racismo no Brasil”, realizada pelo SETA em parceria com o Instituto de Referência Negra Peregum. O tema foi citado na imprensa cerca de 400 vezes, incluindo os principais veículos do país.
Ainda no momento dedicado à comunicação, Glauce Arzua, Diretora de Engajamento Público da ActionAid e integrante da gestão de comunicação do projeto SETA, apresentou o painel “Oportunidades Identificadas”. Um dos tópicos contemplados foi sobre a atuação com juventudes, que destacou a Jornada da UNEafro, as lives em parceria com a Makira-ETA, o acompanhamento das Meninas Geledés e a pauta sobre os grêmios estudantis. A profissional fez a última apresentação do evento, que teve os momentos finais dedicados a reforçar os ganhos construídos ao longo dos dias e o compromisso entre as organizações em trabalhar para ratificar a importância da educação antirracista.