Postado em: 11 setembro, 2023

Projeto SETA realiza evento para debater dados do campo educação da pesquisa “Percepções do Racismo no Brasil”

O auditório da Editora Globo, localizado na sede da Infoglobo, no centro do Rio de Janeiro, recebeu, no dia 15 de agosto, o evento de lançamento da pesquisa “Percepções do racismo no Brasil”. O encontro, realizado com apoio do Projeto A Cor da Cultura, da Fundação Roberto Marinho, reuniu representantes do Museu de Arte do Rio, Prefeitura do Rio de Janeiro, Museu de Arte Moderna, profissionais da rede municipal de ensino e membros de entidades do terceiro setor. O foco foi discutir os dados sobre educação divulgados no estudo. O estudo teve abrangência nacional, foi realizado em 127 municípios brasileiros das cinco regiões do país durante o mês de abril de 2023.

A Especialista em Educação do Projeto SETA, Luciana Ribeiro, apresentou os principais dados do estudo. Foto: Douglas Lopes

Encomendado ao Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica (Ipec), o levantamento foi fruto de uma parceria do Projeto SETA (Sistema de Educação por uma Transformação Antirracista) e do Instituto de Referência Negra Peregum, e constatou que 81% da população considera o Brasil um país racista (60% concordam totalmente e 21% concordam em parte) e que o racismo é o principal fator gerador de desigualdade na opinião da população brasileira, sendo que 44% dos respondentes indicaram que raça/cor/etnia é o fator que mais contribui para o cenário.

A mediação ficou por conta de Ana Paula Brandão, Gestora do Projeto SETA e Diretora Programática da ActionAid Brasil. Já a Especialista em Educação do SETA, Luciana Ribeiro, detalhou os dados da mostra. O time da mesa de conversa foi formado por Valter Silvério, Professor do Departamento de Sociologia da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Lucimar Rosa, Diretora de Políticas de Educação Étnico-Racial e Educação Escolar Quilombola MEC/SECADI, Rosalina Soares, Assessora de Pesquisa e Avaliação da Fundação Roberto Marinho, e Joana Oscar, Gerente de Relações Étnico-Raciais da Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro (SMERJ).

A Gestora do Projeto SETA, Ana Paula Brandão, abriu o bate-papo apresentando as instituições parceiras e defendeu a importância do encontro na contribuição da consolidação de uma educação antirracista. De acordo com Ana Paula, o diálogo com as organizações e movimentos sociais que realizam pesquisas e atividades em educação é fundamental. “Essas instituições colaboram na produção de evidências, dados e desenvolvimento de metodologias que podem e devem ser utilizadas pelos entes públicos. Ao mesmo tempo, também executam sua tarefa pública de incidência política, cobrando do estado as políticas públicas para uma educação antirracista”, comentou. Ao fim de sua fala, Ana fez uma homenagem à atriz Léa Garcia, que faleceu na manhã do dia 15 de agosto.

Levantamentos contribuem para novas perspectivas

Após, Luciana Ribeiro, apresentou a metodologia utilizada no estudo e expôs os principais dados do estudo. Ao longo de sua exposição, Lucimar Rosa, representante da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (SECADI), comentou sobre pesquisas como a “Percepções do Racismo no Brasil” serem importantes para atualizar o entendimento da sociedade e proporcionar novas perspectivas. “Quando se está em um espaço de produção de políticas públicas e quando há essa percepção tão fortemente assentada, conseguimos aprimorar o que temos desenvolvido”, comentou Lucimar.

Para Rosalina Soares, Assessora de Pesquisa e Avaliação da Fundação Roberto Marinho, o estudo traz à tona temas para discutir com toda a sociedade. “O levantamento tem uma força grande exatamente porque ele investiga a percepção do racismo no país e é muito mais amplo, pois trata de diferentes discriminações, como questões de gênero e capacitismo”, disse.

Lei 10.639 torna obrigatório o ensino de história e cultura afro-brasileira

O ano de 2023 marca os 20 anos da Lei 10.639, que tornou obrigatório o ensino de história e cultura afro-brasileira. Mesmo com a legislação, a realidade, de acordo com o estudo, é outra:46% das pessoas respondentes afirmam ter aprendido história e cultura afro-brasileira ao longo da vida escolar. Além disso, só 37% tiveram contato com o tema racismo na escola e, apenas 25% afirmaram terem aprendido sobre história e cultura africana.

A representante da SMERJ, Joana Oscar, além de apresentar ações desenvolvidas pela instituição, com foco na lei 10.639, a fim de contribuir para mudança desses preocupantes dados, reforçou a importância do movimento negro nessa atuação. “Como estamos dentro da Secretária com essa oportunidade de construção, precisamos devolver para a sociedade o investimento realizado pelo movimento negro”, salientou a gestora.

O Professor Valter Silvério defendeu a relevância das informações contidas na pesquisa, pois, na visão do educador, os dados são fundamentais para entender o nível de aprendizado sobre a história e cultura afro-brasileira e, também, dos povos originários.

A mesa de conversa foi mediada por Ana Paula Brandão, Gestora do Projeto SETA e Diretora Programática da ActionAid e formada por Joana Oscar, Gerente de Relações Étnico-Raciais da Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro (SMERJ), ), Lucimar Rosa, Diretora de Políticas de Educação Étnico-Racial e Educação Escolar Quilombola MEC/SECADI, Rosalina Soares, Assessora de Pesquisa e Avaliação da Fundação Roberto Marinho w Valter Silvério, Professor do Departamento de Sociologia da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Foto: Douglas Lopes

O encontro, ocorrido no Auditório da Editora Globo, foi o segundo promovido pelas instituições responsáveis pela pesquisa “Percepções do Racismo no Brasil”. No início do mês de agosto, a sede do Geledés – Instituto da Mulher Negra, localizada no Centro de São Paulo, reuniu representantes de instituições, como: Ação Educativa, Associação Museu AfroBrasil, Canal Futura, Perifa Connection e Instituto Unibanco. Na ocasião, além de terem acesso aos detalhes do estudo, os convidados puderam comentar e tirar dúvidas acerca dos dados divulgados.

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