Postado em: 16 março, 2023

Projeto SETA recebe representantes da faculdade de Bristol

Encontro abordou o desenvolvimento do objetivo internacional do SETA

O ano iniciou cheio de trabalhos e de novidades para o Projeto SETA. Com o time de parceiros cada vez mais potente, a iniciativa passa a contar, a partir de agora, com a colaboração de Zama Mthunzi. O profissional, especializado na área da educação, ficará lotado na sede da ActionAid, na África do Sul. Além do reforço na equipe, o SETA firmou parceria com a Universidade de Bristol, representada por Arathi Sriprakash, professora de sociologia e pesquisadora, e Sharon Walker, professora de justiça racial e educação. Em fevereiro, o trio esteve no Brasil e cumpriu uma agenda de atividades a fim de contribuir com o Projeto e com o avanço da educação antirracista no país.

A semana de trabalho foi intensa. Reuniões e passeios no Rio de Janeiro e em São Paulo fizeram parte da programação. A agenda incluiu, também, encontros com representantes das organizações parceiras do SETA: ActionAid, Ação Educativa, Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos (CONAQ), Geledés – Instituto da Mulher Negra, Makira-E’ta e a Uneafro Brasil. “Nossa visita ao Brasil foi uma grande oportunidade para aprendermos mais sobre o Projeto em intercâmbios presenciais, incluindo reuniões com membros do conselho e líderes locais”, comentou a professora de Bristol, Arathi Sriprakash.

Para Dandara Oliveira, especialista de Articulação e Projetos no SETA/ActionAid, os dias de trabalhos foram potentes e importantes para dar continuidade às atividades: “Com essa agenda tivemos a oportunidade de organizar o projeto a partir do novo orçamento e o levarmos à frente. Foram momentos muito proveitosos, onde conseguimos realizar essas trocas de saberes entre as ações nacionais e globais”, salientou.

Experiência Transformadora

Nascido e crescido na África do Sul, o colaborador Zama Mthunzi viajou ao Brasil pela primeira vez. “Visitar esse país e, especialmente, o SETA foi uma experiência transformadora. Esse Projeto com certeza será fundamental para muitas outras iniciativas de justiça racial na educação ao redor do mundo. A África é uma das regiões mais racistas e, assim como o Brasil, é um território de formação colonial, escravidão e dominação indígena. Além disso, vivemos em apartheid racial, que organizou nossa sociedade na dominação racial. O que mais me interessou foi ver que o Brasil e a África do Sul não apenas compartilham uma história, mas, hoje, ainda sofrem injustiça racial de maneiras semelhantes”, analisou o especialista em educação.

A professora de justiça racial e educação, Sharon Walker, falou sobre a importância de visualizar de perto o Projeto que conta com estruturas globais. “A iniciativa é o foco específico da nossa equipe de pesquisa em Bristol. Estamos entusiasmados com a perspectiva de reunir uma rede global de atores antirracistas, desenvolver um recurso on-line, de iniciativas nacionais e locais, e promover estudos de caso de trabalho em ambientes de educação formal e informal em todo o mundo”.

O encerramento da agenda de atividades de Zama, Arathi e Sharon foi com uma programação para lá de especial, no Cais do Valongo, Zona Portuária do Rio de Janeiro. Os novos parceiros do SETA contaram com a companhia da professora Janete Santos e dos seus alunos. Nas redes sociais, a educadora, referência como ativista e do campo da comunicação e da cultura, comentou sobre o momento. “Uma aula a céu aberto e em espaços de História Negra, onde magia é ciência e ciência é magia, capaz de movimentar as emoções ancestrais guardadas nos segredos submersos nas pedras do Cais do Valongo e no baobá da Pequena África”, publicou .

Visita à Pequena África, no Rio de Janeiro

O passeio à Pequena África foi um dos principais lugares evidenciados por Zama durante a sua estada no Brasil: “Visitar Valongo foi, provavelmente, o melhor destaque do meu roteiro. Tivemos a oportunidade de conhecer o Museu de História e da Cultura Afro-Brasileira, contando o passado de escravos negros que foram transportados de vários países da África para o Brasil. Nem sempre é uma grande experiência relembrar a horrenda época da escravidão, mas ver jovens estudantes negros narrarem e falarem sobre a vivência do povo afro-brasileiro foi surpreendente. Foi emocionante notar a importância do trabalho de contar a história real dos afro-brasileiros, o compromisso de mantê-la viva e não deixar os poderes hegemônicos a usarem para dominação. Caminhamos até o maior porto negreiro do mundo e aprendemos sobre resiliência e sobre as lutas afro-brasileiras. Na verdade, me senti em casa na Pequena África”, destacou o novo colaborador do SETA.

O passeio, segundo Dandara Oliveira, fez parte da programação porque o Projeto SETA entendeu que seria importante os novos parceiros terem uma noção tangível da história da presença negra no Brasil, principalmente, em relação à educação.

Além do roteiro no Cais Valongo, os membros internacionais visitaram a Praça da Harmonia, na Gamboa, Morro da Conceição e Pedra do Sal, ambos no Bairro da Saúde. Por último, o trio conheceu a Casa Omolukum, famoso restaurante de comida religiosa Africana.

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