Postado em: 7 julho, 2023

SETA reforça importância da educação antirracista durante Fórum de Afrodescendentes da ONU

Durante o Fórum Permanente de Afrodescendentes da Organização das Nações Unidas (ONU), sediado na Universidade Columbia, em Nova Iorque (EUA), no dia 31 de maio, o Projeto SETA promoveu o evento paralelo “Práticas e Estratégias Rumo a uma Abordagem de Justiça Racial Global”. A ocasião reuniu Estados, instituições de direitos humanos e representantes da sociedade civil. A agenda foi uma parceria entre o SETA, a ActionAid, o Centro de Estudos das Relações e Desigualdades Trabalhistas – CEERT, o Consulado Geral do Brasil em Nova York, o Centro de Pesquisas da FGV em Justiça Racial e o Peregum. Ana Paula Brandão, gestora do Projeto SETA e diretora programática na ActionAid, e Dandara Oliveira, especialista em articulação e projetos, representaram o SETA.

Seta presente no Fórum! Edneia Gonçalves (Ação Educativa), Ana Paula Brandão (ActionAid), Jaqueline Santos (Seta) e Dandara Oliveira (Seta). O Geledés também esteve na presença de Suelaine Carneiro e Natália Carneiro.
Na visão de Dandara Oliveira, a organização conseguiu levar, pela segunda vez, a pauta de educação antirracista para dentro de um espaço onde a temática ainda não é explorada como deveria. Na visão da especialista, foi um momento muito importante, assim como as conexões e articulações que tiveram a oportunidade de construir com movimentos do Brasil e do mundo.

O Fórum contou, ainda, com representantes do Movimento Negro Unificado (MNU). Dandara Oliveira, destacou a mesa de Regina Santos, uma das fundadoras do MNU, como uma das mais marcantes do evento. “Quando ela afirmou que o movimento negro é vanguarda das lutas no Brasil, ficamos todos muito emocionados pensando nas conquistas que tivemos como coletivo e o caminho que ainda temos para percorrer”, analisou.

O momento dedicado à educação antirracista também foi, de acordo com Dandara, um dos principais do encontro. “Tivemos a oportunidade de dar destaque ao tema, desde a implementação da Lei como a participação da comunidade internacional nesta efetivação”, salientou a profissional.

Organizações brasileiras se reúnem com o escritório da Missão do Brasil nas Nações Unidas em NY. Foto: divulgação/ActionAid Brasil
Busca por um sistema antirracista

Ocupar um espaço internacional de discussão da pauta racial, poder ouvir outras experiências e expectativas para o enfrentamento ao racismo, foram experiências relevantes dentro do evento e, para a especialista em articulação e projetos, é uma maneira de nutrir e auxiliar iniciativas como o SETA a pensar caminhos para suas atividades. “Tivemos a oportunidade de construir e estreitar laços com a maioria da delegação brasileira, o que para nós é um grande ganho, pois acreditarmos no coletivo para conquistar o sistema de educação antirracista que buscamos”, afirmou.

Durante o encerramento do Fórum, Ana Paula Brandão, gestora do projeto SETA e diretora programática na ActionAid, fez um discurso significativo, onde evidenciou a relevância da pauta da educação antirracista e dos desafios do financiamento em educação no Brasil e no mundo. Confira o discurso completo: https://www.instagram.com/reel/CtEpfuZtmX9/?utm_source=ig_web_copy_link&igshid=MzRlODBiNWFlZA%3D%3D

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Central de Ajuda

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O racismo estrutural no Brasil tem dificultado, de forma sistêmica, o acesso ao direito a uma educação pública igualitária e de qualidade pelos estudantes negros, quilombolas e indígenas. A qualidade da educação que as crianças recebem no Brasil é profundamente segmentada por status racial e socioeconômico. E, hoje, identifica-se que as lacunas entre crianças brancas e crianças negras, quilombolas e indígenas, em todos os indicadores da educação básica, são persistentes e mais graves para jovens de 11 a 17 anos. Crianças e jovens negros, quilombolas e indígenas são os mais propensos a abandonar a escola, têm maiores taxas de exclusão e menor nível educacional. Portanto, a eles são destinados os empregos de menor prestígio e salários mais baixos quando adultos. Enquanto isso, os alunos brancos internalizam as desigualdades raciais a que são expostos nas escolas e as replicam quando adultos. Quando se observa os indicadores de aprendizagem, conclui-se também que não há apenas mais barreiras de acesso à escola para crianças negras, quilombolas e indígenas, mas, que uma vez na escola, essas crianças são menos propensas a acessar à educação de qualidade.

O Projeto SETA busca realizar ações transformadoras com base em evidências resultantes de estudos que ajudam a compreender a complexidade das relações raciais no país e as problemáticas delas decorrentes que precisam ser enfrentadas. Neste sentido, prevê uma série de estudos com recortes nacional e regionais em seus territórios de intervenção, especialmente no Amazonas, Maranhão, Rio de Janeiro e São Paulo. O objetivo é mapear a percepção da sociedade em geral, de profissionais da educação e estudantes sobre o racismo, as desigualdades raciais em geral e na educação, a efetividade das políticas de combate ao racismo, as lacunas de ferramentas e metodologias para fomento à equidade racial e as estratégicas bem-sucedidas e boas práticas nacionais e internacionais que podem inspirar ações de valorização da diversidade e das diferenças e de mitigação das desigualdades, especialmente na área de educação.

1) Pesquisa bianual de mapeamento de público sobre percepções do racismo pela sociedade brasileira.
2) Grupos focais bianuais sobre percepções do racismo pelas comunidades escolares.
3) Monitoramento e avaliação dos indicadores educacionais com análise dos indicadores da educação com foco em raça, gênero e território.
4) Estudos liderados pelas organizações que compõem o Projeto SETA sobre “educação escolar indígena”, “educação escolar quilombola”, “trajetória educacional de meninas negras”, “juventude negra, educação e violência”, “impacto da reforma do ensino médio no aprofundamento das desigualdades educacionais” e “construção participativa de indicadores e diagnóstico sobre qualidade na educação e relações raciais”.
Todas essas produções são/serão disponibilizadas publicamente para auxiliar a sociedade na construção de narrativas qualificadas, com base no retrato da realidade, em defesa da equidade racial na educação, além de orientar ações do projeto.

O PROJETO SETA – SISTEMA DE EDUCAÇÃO PARA UMA TRANSFORMAÇÃO ANTIRRACISTA É UM PROJETO APOIADO PELA FUNDAÇÃO W. K. KELLOGG, DESDE 2021, QUE REÚNE ORGANIZAÇÕES NACIONAIS E INTERNACIONAIS EM ATUAÇÃO CONJUNTA POR UMA EDUCAÇÃO PÚBLICA ANTIRRACISTA E DE QUALIDADE.