Postado em: 19 maio, 2025
Quilombo do Cafundó recebe participantes do encontro “Experiência de Aprendizagem sobre Equidade Racial 2030”

Os integrantes tiveram a oportunidade de conhecer a história do Quilombo do Cafundó e participar de atividades que enaltecem a cultura afro-brasileira
O terceiro dia da agenda do encontro “Experiência de Aprendizagem sobre Equidade Racial 2030”, promovido pela Fundação W. K. Kellogg, em parceria com o SETA, foi marcado por uma visita ao Quilombo do Cafundó, localizado em Salto de Pirapora, município a cerca de 121 km da capital, São Paulo.
Os convidados conheceram a história do local, participaram de uma oficina de bonecas Abayomi, produzidas com retalhos e que são um símbolo de resistência e cultura afro-brasileira. Para encerrar, foi realizada uma roda de jongo, dança tradicional afro-brasileira.
Preservação de cultura e desenvolvimento sustentável no quilombo do Cafundó
O território é uma comunidade afro-brasileira tradicional, que preservou sua herança cultural e, também, realizou iniciativas inovadoras lideradas pela comunidade a fim de promover um desenvolvimento sustentável.
Givânia Silva, Coordenadora do Coletivo Nacional de Educação da Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos (CONAQ), entidade que integra a aliança do SETA, esteve presente durante o encontro e relembrou o momento em que o Quilombo do Cafundó recuperou suas terras. “Tive uma passagem de nove anos no Governo Federal e esse Quilombo foi um território que começou a reaver suas terras quando eu era gestora dessa política. Então, ver, hoje, os moradores desse território dando sequência a essa história, para mim, é emocionante”, disse.
Necessidade de uma educação de qualidade para a população quilombola
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), hoje, no Brasil, existem cerca de oito mil comunidades quilombolas, presentes em 30% dos municípios brasileiros. Durante sua fala, Givânia evidenciou um dado preocupante: a população quilombola de 15 a 35 anos é quase três vezes mais analfabeta do que o resto da população brasileira.
“Isso significa que temos duas pautas inegociáveis: a regularização do nosso território e a garantia da educação, uma educação de qualidade que seja verdadeiramente antirracista e antissexista. Para isso, não podemos mais ver derrubarem a escola, carregarem nossos alunos para a cidade e lá desaparecermos, pois, quando chegamos na Zona Urbana, sumimos. Nossa história não é contada, ninguém sabe quem nós somos, e quando tentamos contar, somos apagados”, salientou.
Encerramento teve troca de experiências e perspectivas para o futuro
Após quatro dias imersos em uma programação enriquecedora que apresentou, para os cerca de 50 participantes, os trabalhos desenvolvidos pelo Projeto SETA, o encerramento foi marcado por momentos de troca de experiências e perspectivas para o futuro.
Ana Paula Brandão, Gestora do SETA e Diretora Programática da ActionAid, destacou a troca como um dos pontos importantes do encontro. “Nós escutamos efetivamente, , pois circulamos muito, conversamos com diferentes pessoas de outros grupos, e me surpreendeu o fato de as organizações estarem cada vez mais avançadas. Ou seja, o trabalho está ocorrendo firme e forte, o que é muito bom”, comentou.
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O evento “Experiência de Aprendizagem sobre Equidade Racial 2030”, promovido pela Fundação Kellogg, em parceria com o Projeto SETA, reuniu, em São Paulo, SP, entre os dias 28 de abril e 01 de maio, especialistas para discutir temas relacionados à equidade racial. Além dos convidados, o encontro teve a presença da delegação da Fundação internacional, e de todas as organizações que compõem a aliança do SETA – ActionAid, Ação Educativa, Campanha Nacional pelo Direito à Educação, CONAQ, Geledés, Makira-E’ta e UNEafro Brasil.